ÉDIPO - 12 de Abril a 6 de Maio





Na cidade prostrada e dizimada pela peste o rei Édipo procura obsessivamente a verdade que o acabará por destruir. Mas a lenda do homem condenado à nascença pelos deuses a assassinar o seu pai e casar com a sua mãe contém também o mito do herói que se recusa a fechar os olhos à realidade e que se cega a si mesmo quando consegue ver, finalmente, para além das aparências.
O japonês Kuniaki Ida regressa ao Teatro do Bolhão para encenar um dos textos fundadores da cultura Ocidental – Édipo, de Sófocles, que Aristóteles considerou “a tragédia perfeita”. Para além da extraordinária amplitude de leituras que propõe Sófocles - literária, religiosa, sociológica, antropológica, jurídica e policial (até psicanalítica para alguns), Édipo mostra-nos hoje, nesta época em que se buscam paradigmas ou se aguardam destinos, a importância exemplar dos arquétipos enraizados na nossa memória cultural.
Num espaço cénico despojado e dominado por uma gigantesca e opressiva estrutura metálica Kuniaki Ida procura recuperar as raízes do teatro grego primitivo - 3 actores - António Capelo, João Paulo Costa e João Cardoso - multiplicam-se nos papéis principais – inclusive femininos -, acrescentando um Corifeu - Pedro Lamares - e a presença de 10 coreutas.
Dando continuidade ao seu projecto nuclear de divulgação dos textos fundamentais da dramaturgia ocidental, a companhia propõe esta nova encenação de Édipo, no desejo que o texto clássico olhe, a partir da sua realidade atemporal, a nossa realidade do momento, pois “As nossas viagens ainda são as de Ulisses, os nossos trabalhos ainda são os de Hércules ” (George Steiner)