Traições de Harold Pinter


Harold Pinter tem sido conotado por vários críticos como um representante do absurdo (tipologia de linguagem, temáticas etc.), embora tendo-o sempre rejeitado. “Muitas das minhas peças são totalmente realistas”, chega mesmo a afirmar, reiterando uma ideia que percorre todo o universo pinteriano: as personagens têm voz própria, discorrem como à mesa do café e falam como se a palavra fosse anterior ao pensamento, um impulso primitivo, o primeiro elemento a chegar. Como se emergisse “directamente do inconsciente” (Mervyn Jones). Mas o seu universo não é só o da palavra, é também o da inquietação silenciosa, da suspeita muda que há tudo para revelar, e que nada é manifesto. E este pudor da revelação é violência, rasga e vocifera para exclamar uma outra não-verdade, esse abismo da incompreensão humana, que é tão mais real que a verdade da vida.
Uma produção ACE/Teatro do Bolhão e FITEI. Encenação João Paulo Costa, com António Júlio, Alexandra Gabriel, Carlos Peixoto e Pedro Damião.
De 30 de Maio a 14 de Junho, Terça a Sábado às 21.30; Domingo às 16 h.
Auditório ACE/Teatro do Bolhão.
Reservas. Tel: 222 089 007