REPOSIÇÃO DESEJO SOB OS ULMEIROS - 9 a 18 de Dezembro no TECA



O Teatro Carlos Alberto repõe dia 9 de Dezembro o espectáculo Desejo sob os Ulmeiros, de Eugene O’Neill, com encenação de Nuno Cardoso. Esta co-produção Ao Cabo Teatro e ACE/Teatro do Bolhão estará em cena até ao dia 18 de Dezembro, de quarta a sábado às 21h30 e domingo às 16h00.
Nova oportunidade para ver (e rever) a última peça realista de Eugene O’Neill, que convoca o Hipólito de Eurípides e a Fedra de Racine para uma América rural onde, sob a sinistra protecção de gigantescos ulmeiros, se desenrola o trágico regresso do pai acompanhado de uma jovem esposa.

“Não encontro no meu bloco de notas qualquer vestígio da ideia que lhe deu origem. Acordei simplesmente com a peça na cabeça.” Vinte anos volvidos sobre a escrita de Desejo Sob os Ulmeiros, Eugene O’Neill não era capaz de explicar a génese da peça que escrevera em 1924.

Talvez uma tal incapacidade decorra das raízes remotas deste drama familiar inscrito no cenário oitocentista da Nova Inglaterra, marcado tanto pelo puritanismo religioso como pela desenfreada corrida ao ouro da Califórnia. Raízes que se entranham na tragédia grega – os temas do incesto, do infanticídio e do conflito que opõe pai e filho parecem extraídos das peças de Eurípides e Sófocles – e nas Sagradas Escrituras (não há apenas citações bíblicas, mas também personagens em carne viva, violentamente apaixonadas e contraditórias), bem como na tortuosa história familiar do escritor, o primeiro dramaturgo norte-americano a receber o Prémio Nobel.

Mas Desejo Sob os Ulmeiros é mais do que uma câmara de ressonâncias literárias, religiosas e psicanalíticas: depois de concluir a sua trilogia tchekhoviana (a Platónov e A Gaivota seguiu-se, recentemente, As Três Irmãs), Nuno Cardoso encena um texto duro como granito – “Deus é duro, não é fácil!”, repete o velho Ephraim Cabot –, que questiona o sonho americano e nos confronta com personagens que se desmascaram, devoram e amam.

Desejo Sob os Ulmeiros, classificado para maiores de 16 anos, é interpretado por António Capelo, Afonso Santos, Catarina Lacerda, Cláudio Silva e Pedro Frias.